terça-feira, 24 de março de 2009

Ford Edge coloca você no 1º mundo

Há pouco, UOL Carros pôde experimentar o crossover Ford Edge por uma semana. Não tivemos a chance de conhecer o carro em 2008, quando ele foi anunciado e apresentado a (uma pequena) parte da imprensa especializada. O lançamento foi no Canadá -- um país frio e distante --, onde o Edge é fabricado. Mas tudo bem: só agora a Ford do Brasil está investindo na divulgação do crossover, com anúncios de TV que tentam convencer o consumidor de que é mais negócio comprar esse carro por R$ 149.700 (R$ 158.530 com teto solar panorâmico, como o que avaliamos -- e notem que esses preços baseiam-se no dólar a R$ 1.60) do que apostar num Chevrolet Captiva V6 AWD por menos de R$ 108 mil.

Não se engane o leitor: o Edge é o chamado "carro de imagem". Agrega valor de culto à marca, e faz seu eventual dono brilhar por onde passa.

"É seu esse carro?", perguntou o segurança de uma padaria, que ficou admirando o Edge enquanto UOL Carros tomava um café. "Faz um favor, rapaz: não tira ele da garagem. Esse carro é lindo demais pra andar na rua!"



E é mesmo. Com sua grade frontal cromada e as lanternas traseiras contornadas, o Edge parece um Fusion anabolizado (os dois carros dividem a plataforma). A carroceria possui linhas limpas, quase sem vincos e sem nenhuma frescurinha grudada como enfeite. É mais sóbrio que o captiva. Talvez por isso seja mais bonito.

O Edge não está aqui para vender aos milhares. Desde janeiro até a 1ª quinzena de março, emplacou 289 unidades, o que o coloca no 12º lugar entre os utilitários esportivos no Brasil -- parece uma posição privilegiada, mas ele está muito atrás dos dez primeiros, cuja média no ano é de 2.500 exemplares cada um.

Mas, fora seu número de emplacamentos, o Edge adora um superlativo. Seu motor, por exemplo, é o Duratec 3.5 com seis cilindros em V, a gasolina, capaz de entregar 269 cavalos e incisivos 34,6 kgfm de torque (embora somente nos 4.500 giros). Tem 4,7 metros de comprimento, que lhe rendem 2,82 metros de entre-eixos. É espaçoso nos dois sentidos: a largura total é de 2,22 metros. Suas duas toneladas são elevadas por suspensões independentes e deslizam sobre rodas de 18 polegadas (que parecem maiores).

O Edge é muito agradável de dirigir, embora as respostas do motor sejam um tantinho lentas, e faça alguma falta a opção de trocas sequenciais no câmbio automático de seis velocidades. Também incomoda um pouco o freio de estacionamento acionado por pedal, que inutiliza o apoio de pé à esquerda do assoalho. Mas a tocada do Edge, após ganhar embalo, é de transatlântico em mar azul.

O consumo, no entanto, é de Jumbo: foram 5 km/litro, rodando apenas na cidade. Quase tão beberrão quanto o Captiva V6.

O Edge vem cheio de mimos interessantes, como as duas memórias do ajuste do banco do motorista, iluminação de piso com múltiplas cores, comando para rebatimento dos bancos traseiros, abertura e fechamento do porta-malas pela chave etc. Já o sistema multimídia e interativo Sync, da Microsoft, é calibrado para funcionar na América do Norte e ainda não fala português (caso você arranhe outros idiomas, pode tentar um diálogo).

Além disso, os mapas e a navegação por GPS insistem em nos situar em Baltimore, no Estado de Maryland (EUA), quando na verdade estamos na avenida dos Bandeirantes, em São Paulo. Não deixa de ser divertido observar a tela LCD no centro do painel avisando que a próxima via chama-se Pall Mall Road ou Springhill Avenue.



De acordo com a Ford, "em breve" o sistema Sync do Edge terá os dados de localidades brasileiras. Quem tiver comprado o carro antes disso poderá fazer o ajuste normalmente. O mesmo sistema está disponível no novo Fusion como opcional, mas não é certo que integre o pacote a ser importado para o Brasil.

Até essa correção no Sync, o Ford Edge vai continuar colocando o motorista no mapa do Primeiro Mundo -- literalmente, e também por causa do motorzão, dos mimos e do consumo, bem ao gosto dos ianques no pré-crise global.